Belo Horizonte, 30 de março de 2019 – Dois meses após a tragédia do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que deixou pelo menos 216 mortos e 88 desaparecidos, o Brasil se une em reconhecimento e gratidão aos bombeiros que atuaram incansavelmente nas operações de resgate.
Reconhecimento nacional no Senado Federal
Em Brasília, o Senado encerrou a sessão especial ontem, 29 de março, com um minuto de silêncio em memória das vítimas e aplausos aos bombeiros que atuaram no desastre. A homenagem, proposta por vários senadores de diferentes estados, celebrou não apenas os militares de Minas Gerais, mas também os de outras unidades da Federação que se juntaram às buscas em Brumadinho.
Parlamentares destacaram que os bombeiros são merecedores de reconhecimento, homenagem e gratidão, já que sua atuação incansável possibilitou a volta de muitas vítimas para suas famílias.
Diversos discursos emocionados e homenagens marcaram a solenidade, uma delas foi o elogio aos bombeiros, que trabalharam dia e noite para salvar vidas e recuperar os corpos soterrados.
Um dos homenageados no plenário foi o Coronel Edgard Estevo da Silva, comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, que comandou a operação em Brumadinho. Em seu pronunciamento, ele ressaltou a atuação conjunta de diversos órgãos: Defesa Civil, Polícia Militar, Polícia Civil, e o apoio recebido de vários estados e do governo federal. “O que move o bombeiro é o desejo de ser útil ao próximo”, afirmou o Coronel Estevo.
União de forças e bravura nas buscas
Desde o primeiro dia do desastre, centenas de bombeiros de Minas Gerais e de todo o país uniram forças em Brumadinho, num dos maiores esforços de busca e salvamento já registrados no Brasil. Em meio a tanta devastação, surgiu também a esperança: o trabalho heroico de homens e mulheres permitiu o resgate com vida de centenas de pessoas.
Até o final de março, cerca de 130 bombeiros militares seguiam mobilizados diariamente, divididos em mais de 20 equipes, vasculhando a lama em busca dos desaparecidos. Mesmo após semanas de operações ininterruptas sob sol, chuva e condições extremamente difíceis, esses profissionais mantinham o ritmo.
Além de Minas, bombeiros de vários estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo, atuaram lado a lado em Brumadinho.
O governador Romeu Zema exaltou o trabalho dos bombeiros: “Só tenho a agradecer a todos que arriscaram a vida, que se ausentaram de suas famílias e fizeram tudo que estava ao seu alcance. O Corpo de Bombeiros realmente merece o nosso reconhecimento”.
O piloto que viveu o resgate de perto
Entre os muitos heróis anônimos de Brumadinho, está o Capitão João Antonio Carvalho Resende, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Piloto de resgate do helicóptero Arcanjo, ele participou de todas as etapas da operação.
“Foi tudo muito difícil. O cenário era de destruição total, um mar de lama onde antes havia uma comunidade inteira. Cada vida salva era um milagre e cada corpo resgatado, uma missão cumprida para dar conforto às famílias”, relembra o Capitão.
Ele destacou o trabalho em equipe: “Ninguém faz uma operação dessas sozinho. Trabalhamos lado a lado, bombeiros de Minas e de outros estados, pessoal da Defesa Civil, das Forças Armadas, voluntários e moradores locais. Todos unidos pelo mesmo objetivo de encontrar vítimas e salvar quem ainda pudesse estar vivo”.
O piloto também lembrou da complexidade técnica: acessos só eram possíveis pelo ar, exigindo habilidade extrema para pairar helicópteros sobre solo instável. “Cada resgate era arriscado. A comunicação tinha que ser perfeita. Eu confiava na minha equipe, e eles confiavam em mim. Essa confiança mútua nos manteve firmes, mesmo quando o cansaço e a tristeza batiam”.
Legado de solidariedade e esperança
No semblante cansado dos bombeiros transparecia o peso de dias sem descanso, mas também o orgulho de cumprir o dever. Histórias como a do Capitão João Resende se repetem entre tantos que honraram a farda com atos de heroísmo e humanidade.
As homenagens recebidas em todo o Brasil servem de incentivo para esses profissionais, que seguem em Brumadinho enquanto houver uma única pessoa a ser encontrada. “Cada homenagem que recebemos não é só para nós, mas para renovar a esperança de todos de que nenhuma vítima será esquecida”, conclui o Capitão João Antônio.
Em meio à dor de uma tragédia sem precedentes, o legado que fica é o exemplo desses bombeiros. Eles trouxeram esperança onde havia desolação, entregando-se de corpo e alma à missão de salvar e cuidar do próximo. O Brasil reverencia seus heróis de Brumadinho com profunda gratidão e respeito.