A relação da agricultura familiar e comunitária com a segurança alimentar e a redução dos riscos de desastres nas regiões Norte e Nordeste foi tema do Bate-Papo com a Defesa Civil nesta quinta-feira (25). O encontro virtual foi transmitido pelo canal do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) no YouTube.
No início do debate, a coordenadora-geral de Apoio à Mitigação da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), Loiane Souza, mediadora do bate-papo, ressaltou o Plano Nacional de Enfrentamento à Estiagem Amazônica e Pantanal (PNEAP), previsto para ser lançado em breve pelo Governo Federal. O PNEAP tem o objetivo de garantir que as ações de resposta e assistência humanitária aconteçam antes do agravamento do cenário de estiagem.
De acordo com especialistas e técnicos da área que participaram do encontro, quando é fortalecida com práticas sustentáveis, a agricultura familiar consegue recuperar o solo, diminuir erosão, melhorar o uso da terra e evitar deslizamentos, inundações e outros riscos ambientais. Além disso, programas que apoiam a agricultura familiar em áreas de risco garantem produção, renda e segurança alimentar, preservando a cultura e o modo de vida das comunidades.
A pesquisadora da Embrapa e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Lucietta Martorano, estuda a avaliação do potencial erosivo das chuvas e o impacto nos centros urbanos e áreas de maior vulnerabilidade na Amazônia. “Áreas com baixa cobertura do solo e falta de manejo adequado estão propícias a desmoronar, podendo causar desastres. Diante disso, começamos a trabalhar guardando a água da chuva e a levando para a agricultura”, explicou.
De acordo com a pesquisadora, o recurso é utilizado nos períodos de escassez hídrica. “Essa água é conservada em caixa d’água e utilizada na agricultura quando necessário”, completou a pesquisadora.
Com foco na agricultura familiar, o secretário substituto da Secretaria de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Eduardo Pagot, destacou o plano Alimento no Prato, lançado em 2023. “Nosso objetivo é promover sistemas estruturados de abastecimento alimentar no País, reforçando o direito das pessoas de terem uma alimentação saudável”, disse.
Alimentos orgânicos no semiárido
Já o presidente do Instituto Novo Sertão, José Carlos Brito, destacou o projeto Quintais Produtivos no estado do Piauí e o início da produção de alimentos orgânicos no semiárido. Atualmente, o projeto conta com 80 famílias e produz cerca de cinco toneladas de alimentos agroecológicos por ano para consumo próprio e geração de renda. “Tem sido uma experiência muito bacana porque vemos famílias que nunca tiveram acesso a alimentos como rúcula, couve, beterraba, pimentão, entre outros, tendo essa oportunidade agora, sem contar todo o cuidado com o bioma local”, detalhou.
Núcleos de proteção e defesa civil
Também no Piauí, o diretor de prevenção e mitigação da defesa civil do estado, Werton Sobrinho, falou sobre a importância de uma relação mais próxima com as comunidades locais. Para isso, foram criados núcleos de proteção e defesa civil. “Esses núcleos foram criados em áreas de risco. A proposta é que a gente consiga conectar sala de situação/crise e os núcleos por meio de um aplicativo, estabelecendo uma comunicação de risco entre as comunidades. É um trabalho que está em fase inicial com mulheres agricultoras, pescadoras e marisqueiras. Elas são muito organizadas e solidárias e, de certa forma, já praticavam princípios e doutrinas de defesa civil sem ter o conhecimento”, afirmou.
Fonte: Brasil 61